Força-tarefa cumpre mandados de busca e apreensão contra 9 PMs da escolta de delator do PCC
22/11/2024
Polícia Militar foi nesta sexta-feira (22) em imóveis ligados aos agentes que faziam segurança particular de Vinicius Gritzbach para cumprir mandados judiciais. Policiais militares são investigados por suspeita na execução do empresário em aeroporto em SP. Peritos analisam provas da execução de delator do PCC no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos
Reprodução/TV Globo
A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) saiu às ruas nesta sexta-feira (22) para cumprir mandados de busca e apreensão contra nove policiais militares que faziam a escolta particular de Vinicius Gritzbach.
O empresário foi executado a tiros por dois homens encapuzados com fuzis no último dia 8 de novembro no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Um motorista de aplicativo foi atingido pelos disparos e também morreu. Outras três pessoas que estavam no local ficaram feridas.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Todos os agentes da segurança privada de Vinicius estão afastados preventivamente pela pasta da Segurança. Além de fazerem bico como seguranças, o que é proibido pela corporação, eles são investigados por suspeita de participação no assassinato do empresário.
Equipes da Corregedoria da Polícia Militar (PM) foram em imóveis ligados aos agentes. Elas irão recolher telefones celulares, computadores e outros itens dos policiais militares em cumprimento a mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça. Os investigados respondem em liberdade.
Até o momento nenhum suspeito pelo crime foi preso.
Hipóteses para a execução
Polícia tenta identificar assassinos que executaram o delator do PCC
A Polícia Civil, a Polícia Militar, o Ministério Público (MP) e a Polícia Federal (PF) investigam o caso e tentam identificar os assassinos, saber quem mandou matar Vinicius e qual é o motivo do homicídio.
Antes de ser morto, o empresário havia feito um acordo de delação premiada homologado pela Justiça para denunciar membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) por lavagem de dinheiro e acusar agentes de segurança pública por corrupção.
Entre as principais hipóteses apuradas para tentar esclarecer o crime estão as suspeitas de envolvimentos de integrantes da facção criminosa, de policiais civis e um agente penitenciário denunciados por Vinicius, de policiais militares da escolta pessoal do empresário e um de seus devedores.
Vinicius trabalhava no ramo imobiliário, tinha segurança particular e já havia sido ameaçado antes por alguns de seus desafetos.
'Olheiro' identificado e procurado
Kauê do Amaral Coelho, suspeito de participação no assassinato do delator do PCC
Reprodução
A força-tarefa investiga a participação direta de ao menos quatro criminosos na execução de Vinicius. Um deles foi identificado e é procurado pela polícia: Kauê do Amaral Coelho.
De acordo com a investigação, ele é ligado ao PCC e atuou como "olheiro" do grupo para avisar os "atiradores" da chegada do empresário no aeroporto.
A polícia pediu a prisão temporária de Kauê, que já foi decretada pela Justiça. A pasta da Segurança também divulgou o nome e a foto do suspeito, que é considerado foragido.
A secretaria ainda informou que está oferecendo uma recompensa de R$ 50 mil para quem tiver informações que possam levar a polícia a prender Kauê. Ele tem 29 anos e já teve passagens anteriores na Justiça por suspeita de tráfico de drogas.
A equipe de reportagem tenta contato com a defesa de Kauê para comentar o assunto.
Atiradores fugiram em ônibus
Atiradores fugiram em ônibus após matarem delator do PCC em aeroporto, aponta investigação da polícia
Reprodução
A força-tarefa ainda tenta identificar os dois "atiradores". Eles foram gravados por câmeras de monitoramento de um ônibus após o crime. Ambos aparecem com os rostos descobertos dentro do coletivo. A equipe de reportagem teve acesso a fotos dessas imagens (veja acima).
Antes de fugirem no ônibus, os executores tinham escapado do aeroporto num carro dirigido por um motorista do bando. Os três abandonaram o veículo a 3 quilômetros do local do ataque. Também deixaram as armas próximas. O automóvel e os fuzis foram apreendidos pela polícia.
Quem tiver informações ou pistas que levem aos assassinos pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar.
Empresário era réu por homicídios e lavagem
Delator do PCC revelou a juiz que já havia sido sequestrado e ameaçado pela facção
Reprodução/Fantástico
Vinicius era réu em processos de homicídio contra dois membros do PCC e por fazer lavagem de dinheiro para a facção. Ele respondia aos crimes em liberdade.
Em abril, a Justiça homologou uma delação premiada dele com o Ministério Público. O acordo permitiria que o empresário tivesse redução das penas no caso de condenações. Em troca, ele denunciou integrantes da facção por lavagem de dinheiro e agentes de segurança por extorsão.
Um áudio que faz parte da deleção revela, segundo a defesa de Vinicius, um advogado ligado ao PCC oferecendo a um policial civil R$ 3 milhões de recompensa para ele matar o empresário. Ele também acusou agentes de cobrarem R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo como suspeito de ser o mandante dos assassinatos criminosos do PCC. O empresário disse que não pagou a propina.
Agentes da PM que faziam a segurança de Vinicius e policiais civis que ele denunciou na delação premiada foram afastados preventivamente pela SSP.
LEIA MAIS:
Em áudio, PCC oferece R$ 3 milhões a policial para matar delator da facção, diz advogado de empresário em acordo com MP; ouça
Visto para os EUA, liberação de helicóptero, lanchas e 15 imóveis: veja pedidos feitos por delator do PCC antes de delação com o MP
Antes de ser executado, delator do PCC falou à Corregedoria da Polícia Civil que agentes cobraram R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo
Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado
Arte/ g1