Carimbo urbano: conheça o batuque político que ocupa ruas da Grande Belém

  • 26/08/2025
(Foto: Reprodução)
Toró Misterioso: unindo os batuques de Icoaraci ao do quilombo do Abacatal, feat inédito traz a inventividade de dois grupos que despontam na cena do carimbó urbano Duda Santana No fim da tarde, um grupo de jovens entra no ônibus com tambores de PVC e ganzás feitos de latinhas. O batuque começa apertado entre os bancos, mas logo a roda se forma: passageiros batem palma, alguém passa o chapéu. É o mangueio, prática que nasceu da necessidade de tocar sem depender de casas de show e hoje é símbolo do carimbó urbano - cena contemporânea dessa batida que nunca deixou de pulsar na Amazônia. Nesta nesta terça-feira (26), Dia Municipal do Carimbó, Belém celebra o ritmo nascido do encontro de matrizes afro-indígenas, o ritmo atravessou séculos embalando festas ribeirinhas e hoje ecoa no asfalto da cidade. O carimbó urbano parte de uma expressão ancestral e se expande nas ruas: do tronco escavado que dá vida ao curimbó aos instrumentos criados na “gambiarra” das periferias, da dança nos terreiros ao mangueio em ônibus lotados, o ritmo se afirma como linguagem de resistência e celebração, abrindo os caminhos atuais desse patrimônio cultural. De estética despojada, com figurinos improvisados e performances, essa geração de músicos transformou o ritmo ancestral em linguagem de resistência. Se o carimbó tradicional cantava rios e encantarias, o urbano fala de ônibus lotado, racismo, desigualdade e luta, mas também da alegria coletiva que sempre definiu o gênero. “O carimbó não é só música, é vivência. É nossa maneira de se vestir, de nos enxergar como carimboseiros. A gente escreve sobre pegar ônibus lotado, sobre racismo e resistência. Nosso carimbó é urbano, subversivo e político", diz Yuri Moreno, integrante da Batucada Misteriosa, formada em 2016 entre a orla Icoaraci e as águas doces de Cotijuba. Mestre Nego Ray, fundador do Espaço Coisas de Negro, em Icoaraci Ana Serrão Já no quilombo do Abacatal, criado ainda no século 18, na Grande Belém, a proposta é reafirmar identidade. “Nossa forma de vida e a nossa forma de enxergar o mundo reflete no som que a gente faz. A gente enxerga o carimbó enquanto esse lugar de resistência. Pra além do entretenimento, ele é espaço de produção de conhecimento, de construção de saber. O carimbó é pedagógico e acessível: qualquer pessoa pode dançar, tocar, viver junto", diz Dawidh Maia, do grupo Toró Açú. Frutos de dois territórios de resistência que fazem do carimbó um cronista da Amazônia urbana em suas potências e complexidades, a força desses grupos mostra como o carimbó urbano projeta a potência de uma cena contemporânea que se reinventa sem perder o vínculo com sua ancestralidade. Icoaraci, distrito de Belém, é berço de mestres como Verequete, Lourival Igarapé e do espaço Coisas de Negro, criado por Mestre Nego Ray. O local se tornou laboratório e ponto de encontro entre gerações. “Esse espaço é acolhimento e repasse. Aqui não existe ninguém melhor que ninguém, existe roda. É assim que o carimbó se salvaguarda”, diz Nego Ray, 67 anos. “Tem quem diga que carimbó é coisa antiga. A juventude mostra que não. Hoje ele está nas ruas, nos festivais, nas plataformas digitais. Mas continua sendo a mesma batida ancestral que transforma vidas”, completa o mestre. Mestre Nego Ray no centro, ladeados por seus pupilos urbanos: carimbó como elo entre gerações Lorena Fadul Do mangueio ao maior palco da Amazônia “O carimbó urbano é esse movimento que amplia a tradição, que leva o batuque pra rua e transforma a roda num espaço de identidade, de enfrentamento e de celebração. É um batuque que se politiza, que dialoga com ritmos contemporâneos e ocupa a cidade sem nunca perder a alegria solar que sempre definiu o carimbó”, afirma Jeft Dias, produtor cultural e diretor do Psica, que fez o convite para que os grupos se encontrassem em um feat inédito: o Toró Misterioso, que une Batucada Misteriosa e Toró Açú em uma celebração coletiva do batuque amazônico. “A gente entende que o carimbó é a base da música paraense, a origem de tudo — da guitarrada, da lambada, do tecnobrega. Por isso, ele não poderia estar de fora do Psica. A gente sempre busca valorizar a cultura amazônida feita por mãos pretas e indígenas. O carimbó é regionalidade e ancestralidade, é o ritmo Não existiria Psica sem ele em destaque no line-up. É nosso patrimônio mais rico, que precisa ser mostrado ao mundo", diz Gerson Dias, diretor do festival. Para o mestre e guardião cultural Nego Ray, o momento é simbólico. “Eles chegam com novas referências, até do rock, e vão mudando seu jeito de pensar e compor, mas sempre mantendo a essência do carimbó. Estar junto dessa juventude em um festival tão grandioso como o Psica é muito gratificante.” Confira outras notícias do estado no g1 Pará. VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará

FONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2025/08/26/carimbo-urbano-conheca-o-batuque-politico-que-ocupa-ruas-da-grande-belem.ghtml


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